DDS e DDS2 (PS2)
Esses jogos pertencem à franquia Shin
Megami Tensei (SMT) e são divididos em duas partes formando uma sequência
direta, algo semelhante ao filme Kill Bill. Os games apresentam vários aspectos
típicos da série SMT, tais como a presença de entidades religiosas no enredo e
a ênfase em batalhas complexas e repetitivas que exigem boa estratégia e
paciência. Além disso, a ambientação é pós-apocalíptica e
"claustrofóbica".
Quanto ao sistema de batalha, há alguns
elementos comuns do mundo dos RPGs eletrônicos como as magias elementais, mas há
também detalhes típicos do universo SMT que tornam desafiadora a arte de subir
de nível. Além disso, as batalhas contra chefões são bem difíceis.
Algumas vezes, perdi na primeira
tentativa contra algum chefão, mas observei suas características, treinei de
acordo e venci na segunda tentativa. Um ponto positivo é o ótimo sistema de
mantras. Embora as batalhas sejam numerosas, costumam trazer boas recompensas,
em particular novos mantras. A imagem seguinte ilustra esse interessante sistema de batalha:
Os personagens jogáveis têm personalidades
diversas. Isso é interessante porque os diálogos entre eles parecem conversas
entre pessoas reais do mundo real. A trama fictícia tem verossimilhança, ou
seja, mesmo sendo uma obra de ficção, parece ser real e assim pode conquistar a
empatia dos jogadores em relação aos personagens.
É algo semelhante ao que acontece com
novelas, filmes, livros, séries etc. Quando os personagens parecem sentir e
interagir feito criaturas de verdade, a gente meio que entra no universo da
ficção. Para mim, Argilla é a personagem mais humana e empática.
A trilha sonora dos dois games é ótima.
Os temas de batalha são um belo presente para quem curte rock, com guitarras
expressivas e agradáveis sequências melódicas. Há temas sonoros que transmitem
sensações diversas, sempre adequadas ao momento do jogo.
Quando a gente está explorando um mapa
longo, a melodia é um tanto repetitiva, arrastada, com algumas variações,
sugerindo exploração gradativa. É difícil explicar isso com precisão
científica, mas a trilha sonora dos dois games é competente na intensificação
de cada momento, de cada clima. Efeitos sonoros também estão
excelentes. Destaque para o grito, geralmente sinistro e bizarro, emitido pelos
inimigos ao morrerem. Mwa haha!
Em termos visuais, DDS e DDS2 não
exploram todos os recursos do Playstation 2, mas possuem estilo artístico
agradável. As partes que compõem o mundo fictício caracterizam bem um ambiente
pós-apocalíptico e enigmático. Os personagens possuem traços marcantes, bem
desenhados e detalhados, o que contribui para a individualização de cada um.
Algumas criaturas têm aspecto ameaçador e macabro.
As cenas de abertura, nos dois jogos,
são cheias de ação e mostram um pouco da carnificina presente no enredo. Ao
longo da jornada, aqui e ali, há cenas bem trabalhadas com diálogos e
acontecimentos relevantes para a trama geral. Tais cenas são um refresco aos
olhos depois de longos períodos de exploração. Embora não sejam um primor
gráfico, DDS e DDS2 possuem qualidades visuais que lhes conferem personalidade
própria.
O enredo é, certamente, a parte mais
complexa e sombria dos dois games. Há elementos diversos que se relacionam ao
longo da jornada. Mais exatamente, a trama tem a ver com religiosidade,
ciência, realidade virtual, amizade, guerra, canibalismo e aquecimento global.
Pode parecer estranha ou até absurda a
presença de tantos temas. Entretanto, consideremos que a trama de eventos é
dividida em duas partes bastante longas - tipo, dezenas de horas. Além disso,
há uma série de reviravoltas na estória, de tal modo que os vários assuntos não
são abordados todos a um só tempo.
Imaginemos, na primeira parte, um mundo
em ruínas em que algumas tribos lutam entre si pelos escassos recursos
restantes. Em tal situação de desespero, surgem questões como guerra, amizade
(entre os aliados) e até mesmo canibalismo. Imaginemos este mundo ingrato numa
perspectiva religiosa, mais exatamente em uma visão do Hinduísmo. Nesse
sentido, temos a presença de noções como Nirvana e Karma, e temos entidades
religiosas, com ênfase em deuses hinduístas.
Imaginemos, na segunda parte, uma série
de reviravoltas - sempre em um mundo pós-apocalíptico e em ruínas. Uma dessas
reviravoltas é que o mundo conhecido até então é, na
verdade, uma criação artificial, virtual. O chamado mundo real é diferente, mas
não necessariamente mais receptivo. A aventura é cheia de surpresas que fazem os
personagens perceberem que o conhecimento pode ser um veneno quando não traz
benefício a quem o alcança. Às vezes, o conhecimento traz apenas novos dilemas.
É particularmente difícil explicar este
enredo sem ocupar longo espaço e sem informar eventos reveladores. De modo
resumido, a estória de DDS e DDS2 requer que o jogador tenha algum conhecimento
de inglês, tenha um bom nível de conhecimentos gerais e esteja disposto a
conhecer um pouco sobre o Hinduísmo.
Jogar Digital Devil Saga e Digital
Devil Saga 2 é uma experiência indicada a RPGistas experientes.
Preferencialmente, adultos.
A franquia Shin Megami Tensei está
entre minhas favoritas. A título de curiosidade, estes são meus jogos SMT
favoritos:
5) Persona 2: Eternal Punishment (PSX)
4) Raidou Kuzunoha vs. The Soulless Army (PS2)
3) Digital Devil Saga e Digital Devil
Saga 2 (PS2)
2) Persona 3 (PS2)
1) Shin Megami Tensei: Nocturne (PS2)
Nota de DDS e DDS2: 8,5
Jogatina must go on. :)