sábado, 17 de setembro de 2016

Digital Devil Saga e Digital Devil Saga 2

DDS e DDS2 (PS2)



Esses jogos pertencem à franquia Shin Megami Tensei (SMT) e são divididos em duas partes formando uma sequência direta, algo semelhante ao filme Kill Bill. Os games apresentam vários aspectos típicos da série SMT, tais como a presença de entidades religiosas no enredo e a ênfase em batalhas complexas e repetitivas que exigem boa estratégia e paciência. Além disso, a ambientação é pós-apocalíptica e "claustrofóbica".

Quanto ao sistema de batalha, há alguns elementos comuns do mundo dos RPGs eletrônicos como as magias elementais, mas há também detalhes típicos do universo SMT que tornam desafiadora a arte de subir de nível. Além disso, as batalhas contra chefões são bem difíceis. 

Algumas vezes, perdi na primeira tentativa contra algum chefão, mas observei suas características, treinei de acordo e venci na segunda tentativa. Um ponto positivo é o ótimo sistema de mantras. Embora as batalhas sejam numerosas, costumam trazer boas recompensas, em particular novos mantras. A imagem seguinte ilustra esse interessante sistema de batalha:



Os personagens jogáveis têm personalidades diversas. Isso é interessante porque os diálogos entre eles parecem conversas entre pessoas reais do mundo real. A trama fictícia tem verossimilhança, ou seja, mesmo sendo uma obra de ficção, parece ser real e assim pode conquistar a empatia dos jogadores em relação aos personagens.  

É algo semelhante ao que acontece com novelas, filmes, livros, séries etc. Quando os personagens parecem sentir e interagir feito criaturas de verdade, a gente meio que entra no universo da ficção. Para mim, Argilla é a personagem mais humana e empática.



A trilha sonora dos dois games é ótima. Os temas de batalha são um belo presente para quem curte rock, com guitarras expressivas e agradáveis sequências melódicas. Há temas sonoros que transmitem sensações diversas, sempre adequadas ao momento do jogo.

Quando a gente está explorando um mapa longo, a melodia é um tanto repetitiva, arrastada, com algumas variações, sugerindo exploração gradativa. É difícil explicar isso com precisão científica, mas a trilha sonora dos dois games é competente na intensificação de cada momento, de cada clima. Efeitos sonoros também estão excelentes. Destaque para o grito, geralmente sinistro e bizarro, emitido pelos inimigos ao morrerem. Mwa haha!
        
Em termos visuais, DDS e DDS2 não exploram todos os recursos do Playstation 2, mas possuem estilo artístico agradável. As partes que compõem o mundo fictício caracterizam bem um ambiente pós-apocalíptico e enigmático. Os personagens possuem traços marcantes, bem desenhados e detalhados, o que contribui para a individualização de cada um. Algumas criaturas têm aspecto ameaçador e macabro.



As cenas de abertura, nos dois jogos, são cheias de ação e mostram um pouco da carnificina presente no enredo. Ao longo da jornada, aqui e ali, há cenas bem trabalhadas com diálogos e acontecimentos relevantes para a trama geral. Tais cenas são um refresco aos olhos depois de longos períodos de exploração. Embora não sejam um primor gráfico, DDS e DDS2 possuem qualidades visuais que lhes conferem personalidade própria.

O enredo é, certamente, a parte mais complexa e sombria dos dois games. Há elementos diversos que se relacionam ao longo da jornada. Mais exatamente, a trama tem a ver com religiosidade, ciência, realidade virtual, amizade, guerra, canibalismo e aquecimento global.

Pode parecer estranha ou até absurda a presença de tantos temas. Entretanto, consideremos que a trama de eventos é dividida em duas partes bastante longas - tipo, dezenas de horas. Além disso, há uma série de reviravoltas na estória, de tal modo que os vários assuntos não são abordados todos a um só tempo.



 Imaginemos, na primeira parte, um mundo em ruínas em que algumas tribos lutam entre si pelos escassos recursos restantes. Em tal situação de desespero, surgem questões como guerra, amizade (entre os aliados) e até mesmo canibalismo. Imaginemos este mundo ingrato numa perspectiva religiosa, mais exatamente em uma visão do Hinduísmo. Nesse sentido, temos a presença de noções como Nirvana e Karma, e temos entidades religiosas, com ênfase em deuses hinduístas.

Imaginemos, na segunda parte, uma série de reviravoltas - sempre em um mundo pós-apocalíptico e em ruínas. Uma dessas reviravoltas é que o mundo conhecido até então é, na verdade, uma criação artificial, virtual. O chamado mundo real é diferente, mas não necessariamente mais receptivo. A aventura é cheia de surpresas que fazem os personagens perceberem que o conhecimento pode ser um veneno quando não traz benefício a quem o alcança. Às vezes, o conhecimento traz apenas novos dilemas.

É particularmente difícil explicar este enredo sem ocupar longo espaço e sem informar eventos reveladores. De modo resumido, a estória de DDS e DDS2 requer que o jogador tenha algum conhecimento de inglês, tenha um bom nível de conhecimentos gerais e esteja disposto a conhecer um pouco sobre o Hinduísmo.

Jogar Digital Devil Saga e Digital Devil Saga 2 é uma experiência indicada a RPGistas experientes. Preferencialmente, adultos.

A franquia Shin Megami Tensei está entre minhas favoritas. A título de curiosidade, estes são meus jogos SMT favoritos:


5) Persona 2: Eternal Punishment (PSX)
4) Raidou Kuzunoha vs. The Soulless Army (PS2)
3) Digital Devil Saga e Digital Devil Saga 2 (PS2)
2) Persona 3 (PS2)
1) Shin Megami Tensei: Nocturne (PS2)

Nota de DDS e DDS2: 8,5



Jogatina must go on.   :)