sábado, 25 de novembro de 2017

Diário de um gamer

Costumo jogar diversos títulos ao mesmo tempo e faço aqui uma breve análise de alguns games que joguei ou tenho jogado recentemente.


Dragon Quest Monsters: Joker (Nintendo DS)


Esse RPG lembra bastante Pokémon, mas também possui elementos próprios. A gente coleciona os "monsters" e é muito difícil pegar todos - nesse caso, sem pokébola. Também é possível sintetizar duas criaturas e criar assim uma terceira, o que lembra Shin Megami Tensei. Esse procedimento é meio sinistro porque, afinal, a gente sacrifica os dois monstros iniciais. Outra diferença em relação a Pokémon é que, em DQMJ, o grupo é formado por três membros. Um ponto em comum são os trocadilhos - muitas vezes engraçados - na nomeação de cada criatura.

O enredo é bom, com diálogos bem escritos e algumas reviravoltas interessantes, mas não chega a ser incrível. O sistema de batalha flui bem, com golpes e monstros típicos da série Dragon Quest. A título de exemplo, Dhoulmagus de DQVIII é um boss maldito e psicopata que me deu bastante trabalho ao jogar aquele game, e achei legal recrutá-lo em DQMJ. Essa ligação com episódios da série principal dá força ao enredo e ao sistema de batalha. Intertextualidade na veia!

Gráficos e trilha sonora também têm boa qualidade e são diversificados, como costuma acontecer na série. Os monstros são bem desenhados e às vezes tenebrosos. O principal responsável pela parte gráfica é um rapaz pouco conhecido chamado Akira Toriyama. Há uma parte que faz referência ao Inferno do Cristianismo e, como seria de se esperar, é bastante sombria. Mais uma vez, o game se distancia de Pokémon e se aproxima um pouco de SMT.

Gostei bastante desse jogo e pretendo jogar o segundo episódio. Nota: 7,5.

Gameplay: https://www.youtube.com/watch?v=ft0apPQ10NY&t=290s


Ys: The Ark of Napishtim (Playstation 2)


Esse RPG/ação traz o costumeiro herói da série, Adol Christin, com seus cabelos de fogo. O enredo se passa em um mundo fictício que lembra a Europa de tempos antigos. Por exemplo, há um povo que parece ser o império romano e tem uma atitude imperialista em relação a outras etnias e agrupamentos humanos. Nesse contexto, o protagonista se solidariza com os habitantes de um vilarejo rural que são tratados como criaturas inferiores e tiranizados.

Embora a trama seja fictícia, nos convida a refletir um pouco sobre a história da humanidade, a ganância, o etnocentrismo e o genocídio. Enquanto uns são "selvagens" porque vivem na selva, outros o são por agir com selvageria. Capisci?

Ainda que os gráficos sejam limitados, os ambientes são diversificados e a batalha tem belos efeitos e uma boa dinâmica. Melhor assim do que uma parte gráfica "fodástica" que sobrecarrega a máquina e causa lentidão, pois, em um RPG/ação, a fluidez é fundamental. Além disso, as cenas são bem feitas e ajudam a dar sequência na trama de eventos. Os chefões são difíceis. Contra um deles, levei várias coças, então treinei, subi de nível, adquiri equipamentos e itens novos, e enviei o safado para a ponte que partiu. Avada Kedavra, mother fucker!

A parte sonora é excelente. Há melodias agradáveis e vozes nos diálogos, o que confere maior dramaticidade e possibilita praticar o "listening" do inglês. Além disso, na parte escrita, podemos escolher entre idiomas diversos. Na primeira jornada, escolhi espanhol. Penso em jogar de novo, dessa vez em italiano. Isso de aprender idiomas enquanto me divirto com um jogo eletrônico é bem agradável.

Ys: The Ark of Napishtim possui numerosas qualidades e vale muito a pena. Nota: 8,0.

Gameplay: https://www.youtube.com/watch?v=Zypqb9_1Mn4


Shadow Hearts: From the New World (Playstation 2)

 

O terceiro episódio da franquia (sem contar Kouldelka, game relacionado) traz um enredo menos sombrio e macabro que os anteriores, em particular o primeiro, o que agrada a alguns e desagrada a outros - inclusive, a indicação etária mudou. O protagonista, Johnny Garland, é um adolescente que inicia sua carreira de detetive e vai desvendando aos poucos uma trama envolvente que ocorre em vários países das Américas, como EUA, México, Brasil, Peru e outros.

Detalhe: o Brasil costuma ser retratado de maneira meio "zuada" em várias situações e isso está presente aqui também. Cá entre nós, às vezes "disconcordo" disso, outras vezes concordo. Jogue e entenderá. Os dois primeiros games se passam na Ásia e na Europa, sempre misturando fatos históricos e ficção, e é bem legal conhecer este "mundão véio sem portera" sem sair de casa.   

O terceiro episódio é mais suave - menos "shadow" e mais "hearts" -, é verdade, mas ainda assim possui monstros horripilantes que parecem tirados de um filme de terror. Aliás, a parte gráfica é a mais bem ­lapidada da série e o sistema de batalhas é o mais complexo, cheio de recursos. As lutas são longas e desafiadoras, sobretudo nos chefões: ou o jogador fica esperto, ou há de ver a tela de game over. O sistema "Judgement Ring" requer concentração e precisão!  

A trilha sonora é ótima. Aprecio, em especial, o jazz da ambientação estadunidense. Além disso, a variação de ambientes vem junto com diversidade das melodias. Sem dúvida, a trilogia é competente em mostrar países diversos, inclusive no que se refere a esse aspecto sonoro - além das paisagens, dos vestuários e, enfim, das múltiplas culturas. Jogar Shadow Hearts é viajar na tela da televisão. Nota: 7,5.  

Gameplay: https://www.youtube.com/watch?v=P3UvCZOOZLQ


ToeJam & Earl (Playstation 3)

 

Esse jogo de ação é bem divertido! Uma dupla de alienígenas acidentalmente cai no planeta Terra e precisa vasculhá-lo a fim de encontrar as partes de sua nave e assim voltar ao seu próprio mundo, chamado Funkotron. Durante o processo, os simpáticos viajantes descobrem mil e um aspectos sobre o novo planeta e seus estranhos habitantes.

Existem uns diabinhos vermelhos que parecem fazer referência às pessoas com "espírito de porco". Se a gente passa perto da bela havaiana dançando, é contagiado pelo ritmo,  começa a dançar também e fica à mercê do acaso. Um fantasma sem vergonha está sempre disposto a nos assustar com seu "oogie boogie boogie!". Caso um personagem seja atingido por uma flecha do Cupido, os controles ficam malucos, numa referência aos efeitos da paixão. Nesses e em outros exemplos, a criatividade e o senso de humor chamam atenção.

A musicalidade, composta por John Baker, é excelente, repleta de sequências melódicas do funk dos EUA. Além disso, temos a possibilidade de fazer um som usando a manete. Essa interatividade musical tem a ver com a origem dos personagens e aumenta a diversão. Aparentemente, Funkotron é um mundo em que a musicalidade marca presença em grande estilo.

O game é muito difícil na versão original do Genesis, sobretudo porque não é possível salvar o progresso nem mesmo com password. Já a versão do PS3, embora mantenha os gráficos, traz a possibilidade de salvar, além dos costumeiros desafios recompensados com troféus. Apesar da limitação gráfica, o jogo vale muito a pena pela diversão - inclusive no modo de dois jogadores -, pela musicalidade agradável e pela nostalgia de quem, como eu, curte jogos antigos e possuiu o cartucho no início da adolescência. Nota: 8,0 para a versão original do Genesis e 6,5 para a versão do PS3. Vale dizer: a nota seria mais alta se a parte gráfica fosse melhorada no PS3.    

Gameplay: https://www.youtube.com/watch?v=1P7g3X_BaBY


Flashback (Playstation 3)


Na década de 1990, esse jogo de ação foi lançado para várias plataformas, incluindo Super Nintendo e Genesis, com o título Flashback: The Quest for Identity. Tive a oportunidade conhecê-lo nesses dois consoles e gostei muito sobretudo de dois fatores: a ambientação de ficção científica com viagens interplanetárias e elementos afins; e o clima de mistério, investigação e busca pela identidade, como o título inicial sugere. Cada jogador aprecia certas temáticas, não é mesmo?

Em 2140, o protagonista, Conrad B. Hart, se encontra em apuros ao envolver-se com uma estranha civilização alienígena. Inicialmente ele sofre de amnésia e a busca por sua própria identidade, como em um quebra-cabeças, coincide com a descoberta de detalhes do enredo por parte do jogador.

A versão de PS3 traz várias melhorias na parte gráfica mais realista - mas ainda assim fiel ao original -, bem como na jogabilidade mais precisa, no sistema de melhorias semelhante a um RPG e no áudio em diálogos importantes, e temos ainda a versão antiga para que possamos vivenciar um momento de nostalgia e/ou comparar as versões. Nem tudo são flores e estão presentes alguns bugs chatos. Além disso, o clima meio film noir da versão original é substituído ­por uma ambientação mais amena que não me agradou.  

Entre qualidades e limitações, esse remake me proporcionou bons momentos de diversão e ainda há bastantes objetivos a serem atingidos. Nota: 8,0 para a versão de Genesis/SNES e 7,0 para a versão de PS3.

Gameplay: https://www.youtube.com/watch?v=-Lumnz4WG48   
Análise mais detalhada: http://www.arkade.com.br/analise-arkade-flashback-xbox-360-ps3-pc/


Jogatina must go on.